dilluns, 18 de febrer del 2008

“A madrugada acordara morna e luminosa descerrando a carne tenra dos lírios; dos lírios que perdiam a sua candura abrindo as pétalas, distendendo-as num rumor quente, para receberem no seu sexo o pólen doirado e fecundante, espalhado pelo vento ou trazido nas patas peludas das abelhas que vinham sugar o mel puríssimo do seu sangue.
Foi a essa hora de suavidade e de esperança que Maria Margarida adormecera.
Tivera uma noite de febre. Não pudera ler. Os livros ficaram-lhe abandonados sobre o linho macio do leito em desordem.”

TEIXEIRA, Judith: Satânia. Novelas. Col·lecció Pira Pública, Edições Varicelas, Lisboa 2008.